Manaus (AM), O senador Omar Aziz (PSD-AM), foi anunciado como favorito para presidir a CPMI do INSS, viu seu castelo de cartas desmoronar na última hora. Em uma derrota humilhante que escancarou a fragilidade da base governista, Aziz foi atropelado pela articulação da oposição, que garantiu a presidência para Carlos Viana (Podemos-MG), eleito por 17 votos a 13. Aziz, mais uma vez, ficou sem espaço de protagonismo em Brasília.
A queda não é apenas eleitoral, mas simbólica: Omar Aziz carrega nas costas um passado que insiste em bater à porta. Ex-governador do Amazonas, foi figura central nas investigações da Operação Maus Caminhos, um dos maiores escândalos de corrupção na saúde do estado, que drenou bilhões de reais e deixou um rastro de descaso e mortes. Embora nunca condenado, Aziz jamais conseguiu se desvencilhar da sombra de denúncias que transformaram sua trajetória política em sinônimo de escândalo e desconfiança.
Nem mesmo o apadrinhamento de Davi Alcolumbre (União-AP) e o apoio explícito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram suficientes para sustentá-lo. Horas antes da derrota, Aziz chegou a dar entrevista à CNN Brasil, exibindo segurança e prometendo uma CPI “sem blindagens”. O discurso soou como delírio de um político que ainda acredita ter credibilidade para comandar investigações quando ele próprio é lembrado por acusações de ter virado as costas para a saúde pública no Amazonas.
A presidência da CPMI, criada para investigar fraudes que podem ter desviado mais de R$ 6,4 bilhões de aposentados e pensionistas, caiu no colo de Carlos Viana, que prometeu independência e rigor. Uma promessa que, vinda de Aziz, soaria no mínimo contraditória e desacreditada.
A derrota expõe a decadência de um senador que já presidiu a CPI da Covid e tentou usar o palco das comissões como trampolim político. Mas desta vez, Aziz foi rejeitado até pelos corredores onde circulava como favorito. Para muitos, a mensagem foi clara: o passado de corrupção, a imagem manchada e a desconfiança generalizada pesam mais do que alianças de ocasião. Omar Aziz, que sempre vendeu influência, agora colhe o descrédito de uma biografia política marcada por escândalos.
